quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Abença Pai: Johnny Winter - Roots


Aqui no blog seremos sempre muito respeitosos com os nossos antepassados, nossas raízes e nossos pais. Portanto, de quando em quando vou pedir abença a painho. E hoje é o dia. Quem fez isso magistralmente esse ano foi o famoso bluesman americano Johnny Winter, cuja carreira vem desde os anos 60, lançando o álbum Roots, seu primeiro disco de estúdio em mais de sete anos.
Como o nome sugere e contando com um convidado especial em cada faixa, Roots revisita 11 grandes clássicos do blues com versões à altura de clássicos que são. É sempre um desafio fazer covers de músicas já consagradas, pois todo mundo já teve o contato com ela, não apenas contato, mas já se formou um elo, uma sensação, uma resposta àquela música. Assim, os patamares já todos definidos e durante a performance o ouvinte estará julgando e fazendo comparações a todo o momento com a faixa original. É aí que entra o maior mérito de Roots. A forma como Winter conduz cada faixa é o que faz essas versões especiais. Ao mesmo tempo em que ele se mantém tradicional, acrescenta a todo momento detalhes novos, a cada intervalo ele estica um pouco o solo, dialoga com a gaita, com o teclado. Ele conseguiu fazer o antigo se tornar novo, ou pelo menos em alguns momentos.
A idéia de um convidado diferente a cada música ficou bem interessante e deu um vigor variado. Dentre todas as participações, a que chama mais atenção é o belíssimo dueto com Susan Tedeschi de “Bright Lights, Big City”, de Jimmy Reed. Outras faixas que merecem destaque são “Done Somebody Wrong”, “Last Night”, “Dust My Broom”, além de “Got My Mojo Workin’” de Muddy Waters. De forma quase geral, há um contrapeso bem claro nessas versões de Johnny Winter. Enquanto em praticamente todas as versões originais o vocal é melhor, com aquelas vozes que vem da alma, sobressai em Roots sobretudo o trabalho instrumental. Todas são executadas de forma impecável, com jams extensas de solos de guitarra, gaita e teclado, principalmente. Os melhores exemplos são “Last Night” e “Dust My Broom”, que foram esticadas ao bel-prazer de Winter, tocando até quando ele quis. Podia ter tocado mais que não teria sido um problema.
É muito bom também ver um bluesman de fato ainda na ativa e fazendo álbuns assim, tradicionais, verdadeiros e fiéis ao blues. No geral, é uma abença honesta do fundo do coração. Aposto que papai está bem satisfeito agora.

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