quarta-feira, 30 de maio de 2012

The Walkmen - Heaven


Cada banda trilha seu próprio caminho e seguindo seu próprio tempo entre o início, o auge e a maturidade. Algumas bandas, com ciclo bem pequeno, percorrem essa trilha mais rapidamente que outras. No caso de The Walkmen, pode-se considerar que, dez anos após o lançamento do álbum de estréia, Everyone Who Pretend To Like Me Is Gone, onde pela primeira vez eles mostraram ao mundo aquele som inconstante, imprevisível e embriagado, com o lançamento do sexto álbum, Heaven, eles realmente chegaram a uma nítida maturidade sonora. Hamilton Leithauser e companhia deixaram de ser aqueles jovens bêbados e inconseqüentes, cheios de ânsia de mostrar ao mundo suas novidades e se fazer ouvido. Agora, dez anos depois, pais de família e adultos, é natural que essa transformação transcenda o âmbito pessoal e chegue também às inspirações artísticas. Na verdade, estas transformações já podiam ser sentidas nos dois álbuns anteriores, You & Me, de 2008 e Lisbon, de 2010. Com Heaven, o processo se completou.


E toda essa transformação já se faz clara desde a faixa de abertura, a suave e bela “We Can’t Be Beat”, começa somente no violão e com um ritmo e letra muito agradáveis. Quando pensamos que ia ficar toda no violão, no final ainda dá tempo de entrar a banda toda pra acompanhar. As composições de Heaven, em sua maioria, são mais fechadas, sólidas e consistentes que a fase anterior da banda. Embora nenhuma faixa se destaque tanto das outras como “The Rat”, em Bows + Arrows, ou “Angela Surf City”, de Lisbon, pela fúria explosiva e os vocais ensandecidos de Leithfauser presentes em ambas, as composições aqui estão bem mais comedidas e equilibradas. Quase como a calmaria do Paraíso de fato. “Love is Luck” é uma das inúmeras provas disso, enquanto a letra diz que o sucesso do amor é probabilidade, afinal, Love is luck. “Heartbreaker”, já conhecida, segue nessa linha e fica muito interessante a parte só de voz e guitarra no meio da música, um pouco de conexão com as músicas mais antigas da banda.


“Southern Heart”, mais uma baladinha só no violão, bem bonita, na medida certa. Medida esta que ultrapassou na faixa seguinte, “Line By Line”, muito mais monótona e longa, principalmente seguida de uma também calminha. Mas a coisa fica sob controle novamente com “Song for Leigh”, que entra na casa de músicas mais acessíveis e corretas do álbum, juntamente ainda com a faixa-título “Heaven”, cujo clipe com imagens e vídeos antigos dos amigos de banda encaixa perfeitamente com o refrão: “remember remember, all we fight for”, “Nightingales” e “No One Ever Sleeps”. 

No geral, Heaven pode não ser o melhor disco lançado pela banda, embora talvez seja o mais prazeroso de se ouvir, cheio de sinceridade e conforto.

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