terça-feira, 9 de abril de 2013

Mudhoney - Vanishing Point


Grunge. Apenas dois nomes serão relacionados a esse movimento musical que surgiu em Seattle no final da década de 80 para conquistar o mundo até a metade dos anos 90. E não é Nirvana, que fez a transição do grunge para o mainstream, muito menos Pearl Jam, que pegou carona mais por ser de Seattle do que pelo som, já que tem na veia muito mais do classicismo da década de 70. Também não é nem Alice In Chains nem Soundgarden, que, por sua vez, bebem muito do heavy metal. Os dois nomes que serão para sempre relacionados ao movimento dos camisa de flanela, são Sub Pop e Mudhoney. Sub Pop, a gravadora independente de Seattle que deu voz a todo movimento, que permitiu que bandas como The Jesus And Mary Chain, Nirvana, Soundgarden e a própria Mudhoney que, por sua vez, é o segundo nome que está embutido na palavra Grunge. Mudhoney, banda quase irmã de Pearl Jam e tida como a “criadora” do grunge e, inclusive, do termo grunge, com a clássica faixa “Touch Me I’m Sick”, lá em 1988. Embora bem menos conhecida do que Pearl Jam e Nirvana, por exemplo, Mudhoney é uma banda que nunca deixou seu estilo, sua marca de fazer música. Mas, enfim, depois de tantos anos, o que a Sub Pop e Mudhoney tem em comum agora? É através do selo histórico que chega as lojas Vanishing Point, novo álbum da banda de Mark Arm e Steve Turner, com essa belíssima capa ai, fotografia tirada pela esposa de Mark Arm em uma viagem para a Síria, nas ruínas de Apamea. O disco chega após o maior período sem lançamentos da banda, o último havia sido The Lucky Ones, de 2008. E, depois de cinco anos, o que esperar de Vanishing Point? Bem, Mudhoney.

Apenas com essa definição já ser possível imaginar perfeitamente o som, vamos, naturalmente, destrinchá-lo. Do primeiro minuto ao último, Vanishing Point apresenta uma banda tocando um som forte, enérgico e vigoroso. Parece mentira que os integrantes já são coroas. “Slipping Away”, a faixa de abertura e a melhor do disco, mostra todos os ingredientes desse Mudhoney, as guitarras sujas e o vocal Iggy Popist de Mark Arm soando mais forte do que nunca. A irreverência da banda, inclusive, está presente por todo o disco, principalmente na parte lírica, sempre com muito humor. Clássico verso em “Slipping Away”: “baby baby, ow baby, yeah!... “ah ah ah ah, oh oh, goddamn!” Num momento da música, fica só o ritmo da bateria de Dan Peters, enquanto Arm vai aumentando o som no “slipping.... awaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaayyyy”, no bom e velho estilo Mudhoney, seguido por mais um solo de Turner. A faixa seguinte é o primeiro single de Vanishing Point, “I Like it Small”, que mostra como a banda está satisfeita por ser pequena, por representar o underground, simplesmente gostar de ser pequeno.No vídeo, parece ser toda a equipe da Sub Pop cantando em coro no final “i like it small!”




O senso de humor continua com “What to Do With The Neutral”, cuja letra é quase uma análise filosófica de como lidar com o fato de ser neutro. A contradição do conteúdo e a seriedade na forma com que Arm canta essa música, fica muito interessante, parece bem que poderia estar em algum livro de Nietzsche. Toda a fúria do punk está presente na curta e veloz “Chardonnay”, com direito a todos seus palavrões, demonstrando o lado mais selvagem, um desabafo com a cena musical hoje em dia, que tem como as bandas do mês. Arm berra: “get the fuck out of my backstage!” Quase na velocidade do vento, quando chega em “The Final Course”, nos damos conta que já passaram cinco faixas muito boas.

Se você acha que o nível cai na metade final, está muito enganado. As últimas cinco músicas ainda nos reservam bons momentos e mais faces da banda, como sendo arrastado pelos riffs estilo Sabbath em “In This Rubber Tomb”, ou a faceta mais melódica da banda, como “Sing This Song of Joy” e seu refrão “i sing this song of joy for all the girls and boys dancing on your grave”.



A agressividade, indiferença e desprezo também estão presentes, dessa vez em “I Don’t Remember You”, com o refrão firme e Mark Arm exclamando it’s clear to me you’re the same piece of shit”. “The Only Son of The Widow of Nain” é outra com veia no punk e Arm declarando que não está acabado: “I’m coming back, I’m coming back, for more!”, mais um vocal sensacional de Mark Arm em seus plenos 51 anos de idade. Incrível. Vanishing Point se esvai com a bem humorada “Douchbags on Parade ”, criticando mais uma vez o mainstream. “Here they come, they’re all numer one, i want a number two".

Vanishing Point chega ao fim com a missão cumprida. Afinal, a intenção era mostrar uma banda honesta, íntegra, com consciência de si própria, em relação a seu papel e sua posição. É uma velha banda rejuvenescida, como se tocar fosse uma máquina do tempo que a transportasse para vinte anos atrás, tocando essas mesmas músicas.


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