domingo, 1 de maio de 2016

Resenha: Joe Bonamassa - Blues of Desperation



                Joe Bonamassa nunca está parado. Com um ritmo frenético de lançamentos (às vezes dois por ano), nessas últimas semanas, Joe Bonamassa lançou mais um álbum, Blues of Desperation, altamente antecipado. E a antecipação provou-se completamente recompensada, porque Blues of Desperation é um dos melhores álbuns da carreira de Joe Bonamassa. Gravado em Nashville, com o produtor Kevin Shriley, em apenas cinco dias, Bonamassa apresenta onze faixas poderosíssimas, que transitam naturalmente entre o blues tradicional e o blues rock, agradando a ambos os gostos.

                “This Train” mostra que a locomotiva já está em plena velocidade, se inspirando na estrutura da letra da clássica música de mesmo título do gospel e do blues, eternizada amplamente por Sister Rosetta Tharpe e muitos outros. Apesar de diminuir a velocidade, em “Mountain Climbing” o clima continua intenso com um riff pesado e ritmo bem marcado. A letra também é bastante interessante, fazendo uso da metáfora da montanha com o de um trabalhador pobre trabalhando dia após dia para superar a montanha. Uma música para o Dia do Trabalhador. “Drive”, primeira música de trabalho do disco, é bem mais calma, como se para ser ouvida depois de um dia cansativo tentando escalar a montanha, como na faixa anterior. “Put on an old blues song / Let all our troubles be gone / And drive”.




                “No Good Place For The Lonely” é um blues mais lento, mas também tem seus momentos de explosão, inclusive com uma orquestra de cordas e um dos melhores solos de Bonamassa do álbum. A faixa que dá título ao álbum, que alterna momentos de guitarras pesadas e calmaria, tem na letra talvez seu ponto mais forte, mostrando o conflito para superar ou conviver com o desespero. “Smile at me, while I live in damnation / Trying to make sense of these blues of desperation”.

                “The Valley Runs Low”, contrasta com o restante do álbum, uma agradável balada no violão; correta e não muito mais do que isso. Muito diferente é a faixa seguinte, “You Left Me Nothing But The Bill And The Blues”, sem dúvida uma das melhores músicas de Blues of Desperation; possui uma fúria, uma indignação que é natural para alguém que é deixado somente com as contas e o blues, “broke and still paying the bills”. Joe Bonamassa é um grande criador de riffs, e “Distant Lonesome Train” é mais um desses casos, bem como a faixa seguinte, “How Deep The River Runs”, especialmente no refrão. O álbum caminho pro seu final com a diferente e bem recebida “Livin’ Easy”, no estilo de Chicago blues no piano. Como Bonamassa falou, vida fácil tá difícil. “Now livin’ easy's getting hard to do”. Uma mudança de ares que faz muito bem ao disco. Maravilha.  Por fim, “What I’ve Known For A Very Long Time” é um belo blues lento e cheio de metais.

                Blues Of Desperation atesta mais uma vez Joe Bonamassa como um dos nomes mais fortes no blues rock atualmente. 


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